As
acusações dirigidas a colegas no relatório a ser apresentado ao
plenário do Tribunal de Justiça na próxima segunda-feira, 9, pelo
desembargador Caio Alencar, presidente da comissão de sindicância que
apura as denúncias sobre o roubo de vários milhões de reais da conta de
precatórios da corte potiguar foi a causa do ataque que lhe dirigiram na
tarde da última segunda-feira, 2, anteontem, os colegas Oswaldo Cruz e
Rafael Godeiro.
Segundo outros integrantes da corte, o clima entre os dois, de um lado, e Caio Alencar
já estava ruim e vinha piorando desde janeiro, quando ele assumiu a
missão de investigar o desvio dos precatórios, considerado, de longe, o
maior roubo já perpetrado contra o erário estadual em toda a história do
Rio Grande do Norte, e piorou na semana passada, quando a serventuária
Carla Ubarana, até então considerada a líder da quadrilha, os apontou
como co-autores. O que provou a briga, entretanto, foi o conhecimento,
pelos dois acusados, do que seriam excertos da versão preliminar do
relatório do colega.
Nele,
pela primeira vez, um magistrado designado para investigar aponta
desembargadores como culpados de crime tipificado e capaz de levar o
indigitado à perda da função pública, sem o recurso à aposentadoria
punitiva. Saber que haviam chegado a esta situação por intermédio de um
colega com o qual lidam há mais de vinte anos teria sido a gota d'água
para Oswaldo e Rafael. Eles participaram numa sala do tribunal de
reunião em que vários desembargadores analisaram a imagem negativa que
se projeta da sede do poder judiciário potiguar desde a eclosão do
escândalo dos precatórios, e poucos minutos depois, num dos corredores
da casa, Rafael provocou Caio, passando a agredi-lo fisicamente e a
receber na briga a colaboração de Oswaldo.
Quando
terceiros interromperam a briga e dois dos desembargadores precisaram
ser socorridos em instalação de saúde, pensou-se que a presidente do
Tribunal, desembargadora Judite Monte, convocaria imediatamente uma
reunião para cuidar, disciplinarmente, do ocorrido. Ela, porém, teria
resolvido refletir mais e ouvir testemunhas a respeito, para decidir a
qualquer momento. Segundo testemunhas, ela gostaria muito que a briga
não viesse a público, porque isto desgraçaria ainda mais a imagem da
corte.
Fonte: Roberto Guedes via Aldo Araújo