Um mapeamento feito em 2009 pelo Movimento Aprendizes da Sabedoria
identificou em Rebouças, no centro-sul do Paraná, 133 mil benzedeiras.
Segundo o Censo de 2010, 14.176 vivem na cidade. O levantamento foi
encaminhado para a Câmara Municipal de Vereadores e deu origem a um
projeto de lei para regulamentar a prática. O texto foi aprovado pelos
parlamentares e sancionado pelo prefeito em Luiz Everaldo Zak (PT).
Rebouças é o primeiro município do país a oficializar a prática de
benzedeiros, curadores, “costureiro de rendiduras” ou “machucaduras”.
A proposta que é de 2010 também a permite que estas pessoas colham
plantas medicinais nativas no município livremente para o exercício do
ofício. A lei concretizou uma parceria entre a tradição e as políticas
públicas voltadas para a sáude. “O município de Rebouças reconhece os saberes e os conhecimentos localizados realizados por detentores de ‘ofícios tradicionais’, como instrumento importante para a saúde pública do município”, diz o Artigo 3º da lei.
Muitas das benzedeiras se mantém com ajuda do governo federal e com algumas doações que as pessoas fazem em troca do serviço. "Deus
não cobra nada de ninguém. E é Deus, Nossa Senhora que curam. Quem doa,
doa de coração", comenta. Ela diz que se sente privilegiada por ser
benzedeira. "Quando chegar no céu vamos receber um prêmio por tudo que
fizemos de bom. Isso é muito gratificante".
Para poder exercer o oficio livremente, a benzedeira deve ir à
Secretaria Municipal de Saúde e solicitar a Carta de Auto-Definição, na
qual deve descrever de que forma trabalha. Depois, o órgão emite o
Certificado de Detentor de Oficio Tradicional de Saúde Popular e uma
carteirinha. Na avaliação do prefeito de Rebouças, Luiz Everaldo Zak
(PT) a lei veio apenas para regulamentar algo que já ocorria e que fazia
parte da tradição da cidade.