A presidente Dilma Rousseff aproveitou a cerimônia de posse da nova
ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci
(foto), para enquadrá-la publicamente e deixar claro o
recado de que convicções pessoais devem se subordinar, agora, às
políticas de governo.
Foi uma forma de evitar mais polêmica e acalmar os ânimos da bancada
religiosa no Congresso Nacional, que já preparou a artilharia contra
Eleonora por conta de declarações sobre aborto.
“Tenho certeza, que meu governo ganha hoje uma lutadora incansável e
inquebrantável pelos direitos das mulheres. Uma feminista que respeitará
seus ideais, mas que vai atuar segundo as diretrizes do governo em
todos os temas sobre os quais terá atribuição”, discursou Dilma. A
numerosa plateia, que até então era só aplausos, silenciou-se com a fala
de Dilma.
Em recentes declarações, Eleonora disse que considera o aborto uma
questão de saúde pública, assim como o crack e outras drogas – para ela,
esse assunto não é uma questão ideológica. Antes da posse, o deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) convocou pelo Twitter que a bancada de
evangélicos se unisse “para combater a abortista que nomearam ministra”.
O aborto volta à agenda do Palácio do Planalto após assombrar a
campanha de Dilma pela presidência da República, em 2010. Pressionada
por religiosos, a então candidata chegou a assinar carta em que dizia
ser pessoalmente contra o aborto, além de defender a manutenção da
legislação atual sobre o assunto.